Os destaques foram a falta de pessoal capacitado e de materiais escolares adaptados, que têm baixo custo em relação as tradicionais.

Durante a tarde desta segunda-feira, dia 28, a Câmara Municipal de Alagoinhas realizou uma Audiência Pública a respeito da educação inclusiva. A ação foi requerida pela vereadora Luma Menezes e nela foi apresentando o descontentamento generalizado sobre a acessibilidade nas creches e escolas municipais. Destacamos abaixo as 3 principais declarações da sessão.
A neuropedagoga Anaildes Rocha é representante da APAE e foi convidada a fazer parte da mesa da audiência. Ela narrou a evasão dos alunos atípicos das escolas regulares. Segundo a própria, dos 200 assistidos pela APAE, somente 28 estão na escola regular. “Eu vejo que tem 2 grandes vilões. Um deles é o bullying, essas crianças sofrem muito bullying (…) E o outro grande vilão realmente (…) é o despreparo, que vai desde a estrutura física das escolas quanto a preparação do professor e a falta do auxiliar “ afirmou.
Anaildes criticou inclusive a seleção dos auxiliares de classe oferecendo um relato: “A auxiliar, quando eu fui conversar, ela não tem sequer (…) um curso básico sobre conceitos das deficiências e transtornos. Aí me digam: O que essa auxiliar vai fazer na sala de aula quando o menino dá uma crise?” questionou.
Espectadores também manifestaram seu descontentamento com o a falta de acessibilidade nas escolas, um deles foi o pedagogo Jaldemir Albane, pai de um menino de 5 anos e aluno da Creche Municipal Baixa da Candeia. O filho de Jaldemir teve catarata com menos de 2 anos e utiliza lentes com 19 graus dióptricos, o que é um número elevadíssimo.
Para que possa aprender, o filho de Jaldemir precisa de materiais escolares que não estão sendo disponibilizados na Creche. “Eu pergunto à SEDUC. Quanto custa um caderno de pauta ampliada? Quanto custa um lápis 6B, ou 3B? Quanto custa um plano inclinado? (…) Custa boa vontade!” bradou o pai que em seguida atribuiu a uma terapeuta particular o acompanhamento do filho, pois a SEDUC e SESAU em suas palavras “não têm compromisso nenhum” . Ele finalizou sua participação dizendo: “O material que o meu filho tem, sou eu que compro. A creche não tem um livro acessível. É falta de recurso? Não! A SEDUC tem dinheiro. O que falta é boa vontade e compromisso.”
Inadilce Reis é intérprete de Libras e representou sua categoria na cobrança de melhores condições de trabalho nas salas de aula. Ela trouxe à tona o risco à saúde dos intérpretes, que estão propensos à exaustão, tendinite e lesões musculares devido aos movimentos repetitivos por períodos muito extensos. “‘Precisamos rever a questão o plano de carreira, plano de salário, precisamos rever o revezamento (…)Eu mesma tenho tendinite nos 2 braços, é crônico (…) Aliás, nós temos um projeto na própria SEDUC e temos o currículo de Libras (…) Está lá, o currículo pronto” afirmou.
O que a SEDUC diz?
A Profa. Isis Carolina, representante da SEDUC defendeu a pasta e afirmou que, segundo ela, há 488 alunos diagnosticados com alguma deficiência e mais que o dobro com casos ainda investigados. “Não é tão simples. Além de querer fazer, tem a parte burocrática” disse Isis. Ela também anunciou que a SEDUC manterá os profissionais da AMEII (Centro de Atendimento Multidisciplinar Educacional Especializado) em regime de exclusividade e criará 4 equipes volantes para ampliar o atendimento.
A representante também disse que foram encaminhados 280 profissionais de apoio pela Secretaria. mas somente no mês de maio fará a primeira capacitação para os auxiliares.
Em resposta à Inadilce, Isis disse que as salas bilíngues serão implementadas em 2026 em algumas escolas, centralizando os alunos surdos nessas escolas. Sobre o protesto de Jaldemir, a resposta não abordou a falta de materiais escolares, mas Isis humildemente disse que ele tinha razão pelo desabafo.
Diante do questionamento da vereadora Luma, sobre a possibilidade de Jaldemir ser atendido na Secretaria de Educação para que seu filho fosse melhor adaptado. Isis confirmou a possibilidade definindo o caso como prioridade.
ASCOM – Luma Menezes.
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